A Proclamação da República Brasileira foi um levante político-militar ocorrido em 15 de novembro de 1889 que instaurou a forma republicana federativa presidencialista de governo no Brasil, derrubando a monarquia constitucional parlamentarista do Império do Brasil e, por conseguinte, pondo fim à soberania do Imperador Dom Pedro II. Foi, então, proclamada a República dos Estados Unidos do Brasil.
A proclamação ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, destituiu o imperador e assumiu o poder no país.
Foi instituído, naquele mesmo dia 15, um governo provisório republicano. Faziam parte, desse governo, organizado na noite de 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca como presidente da república e chefe do Governo Provisório; o marechal Floriano Peixoto como vice-presidente; como ministros, Benjamin Constant Botelho de Magalhães, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o almirante Eduardo Wandenkolk, todos membros regulares da maçonaria brasileira.
A Situação
Política do Brasil em 1889
O governo imperial, através do 37º e último
gabinete ministerial, empossado em 7 de junho de 1889, sob o comando do
presidente do Conselho de Ministros do Império, Afonso Celso de Assis
Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, do Partido Liberal, percebendo a difícil
situação política em que se encontrava, apresentou, em uma última e desesperada
tentativa de salvar o império, à Câmara-Geral, atual câmara dos deputados, um
programa de reformas políticas do qual constavam, entre outras, as medidas
seguintes: maior autonomia administrativa para as províncias, liberdade de
voto, liberdade de ensino, redução das prerrogativas do Conselho de Estado e
mandatos não vitalícios para o Senado Federal. As propostas do Visconde de Ouro
Preto visavam a preservar o regime monárquico no país, mas foram vetadas pela
maioria dos deputados de tendência conservadora que controlava a Câmara Geral.
No dia 15 de novembro de 1889, a república era proclamada.
A Perda de
Prestígio da Monarquia Brasileira
Muitos foram os fatores que levaram o Império a
perder o apoio de suas bases econômicas, militares e sociais. Da parte dos grupos
conservadores pelos sérios atritos com a Igreja Católica (na "Questão
Religiosa"); pela perda do apoio político dos grandes fazendeiros em
virtude da abolição da escravatura, ocorrida em 1888, sem a indenização dos
proprietários de escravos.
Da parte dos grupos progressistas, havia a crítica
que a monarquia mantivera, até muito tarde, a escravidão no país. Os
progressistas criticavam, também, a ausência de iniciativas com vistas ao
desenvolvimento do país fosse econômico, político ou social, a
manutenção de um regime político de castas e o voto censitário, isto é, com
base na renda anual das pessoas, a ausência de um sistema de ensino universal,
os altos índices de analfabetismo e de miséria e o afastamento político do
Brasil em relação a todos demais países do continente, que eram republicanos.
Assim, ao mesmo tempo em que a legitimidade
imperial decaía, a proposta republicana - percebida como significando o
progresso social - ganhava espaço. Entretanto, é importante notar que a
legitimidade do Imperador era distinta da do regime imperial: Enquanto, por um
lado, a população, de modo geral, respeitava e gostava de dom Pedro II, por
outro lado, tinha cada vez em menor conta o próprio império. Nesse sentido, era
voz corrente, na época, que não haveria um terceiro reinado, ou seja, a
monarquia não continuaria a existir após o falecimento de dom Pedro II, seja
devido à falta de legitimidade do próprio regime monárquico, seja devido ao
repúdio público ao príncipe consorte, marido da princesa Isabel, o francês Conde D'Eu.
Embora a frase de Aristides Lobo (jornalista e
líder republicano paulista, depois feito ministro do governo provisório),
"O povo assistiu bestializado" à proclamação da república, tenha
entrado para a história, pesquisas históricas, mais recentes, têm dado outra
versão à aceitação da república entre o povo brasileiro. É o caso da tese
defendida por Maria Tereza Chaves de Mello (A República Consentida,
Editora da FGV, EDUR, 2007), que indica que a república, antes e depois da
proclamação, era vista popularmente como um regime político que traria o
desenvolvimento, em sentido amplo, para o país.
Antecedentes da
Proclamação da República
A partir da década de 1870, como consequência da
Guerra do Paraguai (também chamada de Guerra da Tríplice Aliança) (1864-1870),
foi tomando corpo a ideia de alguns setores da elite de alterar o regime
político vigente. Fatores que influenciaram esse movimento:
- O imperador dom Pedro II não tinha filhos, apenas filhas. O trono seria ocupado, após a sua morte, por sua filha mais velha, a princesa Isabel, casada com um francês, Gastão de Orléans, Conde d'Eu, o que gerava o receio em parte da população de que o país fosse governado por um estrangeiro.
 
- O fato de os negros terem ajudado o exército na Guerra do Paraguai e, quando retornaram ao país, permaneceram como escravos, ou seja, não ganharam a alforria de seus donos.
 
A Crise Econômica
A crise econômica agravou-se em função das elevadas despesas financeiras geradas pela Guerra da Tríplice Aliança, cobertas por capitais externos. Os empréstimos brasileiros elevaram-se de 3 000 000 de libras esterlinas em 1871 para quase 20 000 000 em 1889, o que causou uma inflação da ordem de 1,75 por cento ao ano
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